Novembro de 2014
Viadutos em Los Angeles (EUA) – O desenho de
uma cidade pouco compatível com a escala
humana
"Viadutos representam o caminho mais curto
entre dois pontos congestionados", a frase replicada por vários especialistas,
aponta o modelo equivocado que são as "carcities" (cidades do
automóvel). O modelo desenvolvimentista estimulou a aquisição do automóvel, seu
uso ostensivo e a criação de infraestrutura para "acomodá-lo". Hoje,
nosso melhor exemplo equivocado é a cidade de Los Angeles, que consegue
"engarrafar" milhares de carros nas suas generosas pistas com oito
faixas por sentido de tráfego.
Belo Horizonte não foi muito diferente
e cedeu e ainda (infelizmente) vem cedendo a esse padrão. Porque? Porque ainda
funciona, já que as pessoas compram seus carros, entusiasmadas, e têm a
oportunidade de eventualmente circular livremente. Mas estamos realmente
satisfeitos com essa realidade? Às vezes a nossa capacidade de avaliação é um
pouco ineficiente, talvez fiquemos muito mais tempo presos dentro de nossos
carros do que livres, mas acabamos considerando mais a parte boa. Acho que é
como comer Cachorro Quente, há alguns anos atrás se dizia que "quem sabe
como são feitas as salsichas, não tem mais coragem de comer", hoje a grande
maioria das pessoas sabe que a salsicha tem uma composição duvidosa, mas é mais
gostoso ignorar o fato e aproveitar as mordidas. Acredito que para interromper
o consumo das salsichas seria necessário que os órgãos competentes a retirassem
do mercado.
Então, sem o intuito de tirar os automóveis do mercado, eu vou contar a receita
da salsicha urbana (sim, o seu carro, no caso, é uma salsicha): Há um lobby
empresarial que depende da cultura do automóvel para sua perpetuação no
mercado, a princípio não há nada de errado nisso, essa é lógica do capitalismo, empresas
precisam de lucro. O modelo — que influencia nosso dia a dia, interfere no
desenho desumano de nossas cidades e é responsável por milhares de mortes no
trânsito e pela poluição do nosso ar — é sustentado por um tripé corporativo,
que é composto pelas empresas que dependem da comercialização do petróleo, ou
da indústria automobilística, ou das obras de infraestrutura rodoviária. E você bem achava que o automóvel era sinônimo de liberdade, não é?
Pode ser um pouco “indigesto” saber a
composição da salsicha urbana, é possível até balançar alguns de seus amantes,
mas não precisamos ser radicais e parar de consumi-la, talvez, assim como o
cachorro quente, podemos dar prioridade para o consumo nos finais de semana, ou
podemos aprender a dividir com o colega de trabalho. Assim a pressão alta da
cidade agradeceria.